Padre Quinto Tonini, missionário orionita, nasceu na Itália em 04-06-1922 e veio para o Brasil em 07-12-1951. Começou seu apostolado em Tocantinópolis e depois em Filadélfia e Babaçulândia. Em 22-07-1956, o Papa Pio XII o nomeou primeiro administrador Apostólico de Tocantinópolis, cargo que exerceu até 25-06-1959.
Foi intenso o trabalho missionário de Mons. Tonini, com amplas visões pastorais e iniciativas pioneiras em vários setores. Merecem destaque especial as iniciativas no campo:
a. Da SAUDE com a abertura do Hospital Pio XII em Filadélfia; a formação das SAMARITANAS SOCORRISTAS, verdadeira antecipação dos agentes da pastoral da saúde, espalhadas em toda a Prelazia.
b. Da EDUCAÇÃO com a criação do GINASIO NORTE GOIANO que embora surgido pela iniciativa do prefeito de Tocantinópolis, Antônio Pereira foi entregue aos Padres Orionitas.
c. Das VOCAÇÕES com a Fundação do Seminário Menor Leão XIII. O cultivo das vocações locais foi uma preocupação permanente do Administrador Apostólico.
d. Das COMUNICAÇÕES com a fundação do periódico mensal a SEMAFORO que enfrentava temas de atualidade e tinha como pretensão formar consciências, além de transmitir notícias.
e. Da CATEQUESE e ORGANIZAÇÃO PASTORAL. Surgiram as “Congregações marianas”; as “Filhas de Maria; os escoteiros; a cruzada eucarística; os “lobinhos”; a “liga católica”; as equipes de catequistas; os agentes de pastoral; as zeladoras de capela. Criou canonicamente as paróquias de Nazaré e Xambioá.
f. Da FORMAÇÃO HUMANA onde merece ser lembrado o ARTESANATO SÃO RAIMUNDO. Foi organizada uma escola de arte e comprada uma carpintaria com dez maquinas, instaladas no artesanato.
A presença na Prelazia de Mons Quinto Tonini foi intensa e produtiva, marcada pelo heroísmo, a dedicação, as grandes intuições realizadas e o invejável zelo apostólico.
Depois da renúncia ao cargo de Administrador Apostólico, Padre Quinto Tonini, foi enviado a Montevideo. Alguns anos depois passou à Espanha e enfim regressou na Itália em 1985 onde veio a falecer no ano 2000.
Dom Carmelo Scampa
Bispo emérito de São Luís de Montes Belos-GO
Dom Cornelio Chizzini, primeiro Bispo-Prelado de Tocantinópolis, nasceu em Csalsigone, Cremona, a 07 de novembro de 1914. Chegou no Brasil em 12 de março de 1956 e foi vigário de Tocantinópolis; primeiro pároco de Xambioá; segundo Administrador Apostólico de 1960 a 1962. Ordenado primeiro Bispo Prelado de Tocantinópolis em 29-06-1962. Falecido em Goiânia em 12-08-1981 e sepultado na catedral de Tocantinópolis.
O episcopado de Dom Cornélio foi marcado por uma intensa atividade pastoral em circunstâncias não fáceis e de grandes transformações sociais e eclesiais.
Participou integralmente do Concilio Ecumênico Vaticano II e acompanhou as grandes mudanças sociais da região, passando de uma atitude demasiadamente prudente, para um comportamento profético corajoso que lhe custou denúncias e processos na defesa dos sem-terra. Foi marcante a carta que ele assinou em 20 de agosto de 1980 junto com Dom Celso Pereira de Almeida presidente da CPT Tocantins-Araguaia e Bispo de Porto Nacional.
O posicionamento diante das injustiças, a clareza em apontar responsáveis revela a personalidade forte de Dom Cornélio e a capacidade de liderança. O caráter forte dele não foi compreendido por muitos que se limitaram em considerar casca sem penetrar no profundo de uma pessoa simples, desarmada, sensível e solidaria.
Além de dar continuidade à ação pastoral de Mons. Tonini. Dom Cornélio enfatizou bastante a formação dos leigos, promovendo inúmeros encontros no então Ribeirão Grande, Incentivou as Santas Missões; a semana bíblica; as semanas vocacionais; as visitas pastorais, encontrando por um prazo até de uma semana cada comunidade das cidades e do interior; realizou as primeiras ordenações de padres locais, entre ele o Mártir Padre Josimo Morais Tavares. Deu muita ênfase ao Seminário diocesano; criou várias paróquias; promoveu cada ano as Assembleias Prelatícias de pastoral, verdadeiro caminhar sinodal.
Foi intenso o trabalho de encarnar o espírito do Concílio na Prelazia, com resistências internas as vezes incompreensíveis. Mas o bispo foi enérgico e determinado.
Teve a alegria de ver a Prelazia elevada à dignidade de Diocese em 25 de março de 1981, mas não teve a alegria de tomar posse da mesma. A posse, marcada para o dia 15 de agosto, foi interrompida com a morte de Dom Cornélio acontecida em Goiânia no dia 12 de agosto.
Para quem o conheceu de perto o legado de Dom Cornélio foi altamente positivo, reconhecido sobretudo pelos leigos que se deixaram atrair pela sua atitude evangélica e sempre transparente.
Dom Carmelo Scampa
Bispo emérito de São Luís de Montes Belos-GO
Dom Aloisio Hilário de Pinho, Filho da Divina Providência, nasceu em Mariana, MG, em 14 de janeiro de 1934 e foi nomeado Bispo de Tocantinópolis em 18 de novembro de 1981, tomando posse canônica em 10 de janeiro de 1982. Pastoreou a Diocese até final de 2009 quando foi nomeado Bispo de Jataí. Faleceu em quatro de maio de 2021.
Dom Aloísio entrou na diocese num momento de graves conflitos sociais, sobretudo na área do Bico do Papagaio e dos conflitos nas áreas indígenas Apinajés em Tocantinópolis. Embora tímido, a postura eclesial dele foi sempre forte e clara. Nunca desprezou os estímulos que sobretudo a CPT lhe fazia para tomar posições na defesa dos pobres lavradores.
Sofreu bastante pelos conflitos na diocese que culminaram com o assassinato do padre Josimo Morais Tavares em 10 de maio de 1986. Sofreu, também, pelas discriminações sofridas pela cor de sua pele, mesmo assim sempre manteve uma postura discreta e mansa. O grande compromisso de Dom Aloísio, assumido com garra e firmeza desde sua chegada na Diocese, foi com as vocações sacerdotais e religiosas. Investiu muito na promoção vocacional e no acompanhamento direto dos vocacionados. Em Tocantinópolis, comprou e adaptou o antigo orfanato das Irmãs Orionitas para que se tornasse o seminário menor da Diocese. Diante de problemas contingentes pelos quais passavam os seminaristas maiores, distribuídos no Rio de Janeiro, Brasília e Goiânia, comprou um terreno e construiu o seminário maior em Belém, unificando a formação num único seminário.
Foi ele que transferiu o Centro de Formação de Ribeirão Grande para Tocantinópolis, construindo integralmente a estrutura atual. Além disso, proporcionou um centro pastoral em Araguaína, sempre sonhando com a criação de uma nova diocese. Não poupou esforços na formação dos leigos, nas visitas às paróquias, na abertura para que novas comunidades religiosas, sobretudo femininas, entrassem na diocese.
A figura e o testemunho que Dom Aloísio deixou é de um pai, sempre acolhedor, capaz de escuta; dotado de um espírito de discrição incrível, incapaz de falar mal do outro; fiel ao extremo na conservação dos sigilos; sempre otimista e positivo, incapaz, as vezes, de ver a “malícia” do interlocutor.
É do episcopado dele a elaboração do DIRETÓRIO SACRAMENTAL, tentativa de unificar as diferentes práticas pastorais na Diocese. Como, também, é do episcopado dele a estruturação consistente das Assembleias Diocesanas, a primeira foi coordenada por Padre Josimo, de 24 a 27 de abril de 1986, quinze dias antes de sua morte. Foi consistente, também, a incentivo as CEBS, a Pastoral da Juventude, à Pastoral Familiar, à Pastoral Vocacional, a Catequese etc. Foi do episcopado dele, também, a criação das três Regiões Pastorais. Com o incentivo para uma pastoral de conjunto mais encarnada nas realidades diferentes da Diocese.
A Igreja de Tocantinópolis deve muito a Dom Aloísio pelo jeito dele ser pastor, simples, humilde e acolhedor.
Dom Carmelo Scampa
Bispo emérito de São Luís de Montes Belos-GO